Leituras que valem a pena #26
The 7 things that surprise new CEOs | HBS Working Knowledge
Descrição das 7 surpresas que um novo CEO pode encarar e seus sintomas. Texto do guru Michael Porter escrito em parceria com outros dois professores da escola.
Future of online retailing — 4 predictions | Sam Decker
Sam compartilha sua visão sobre o futuro do varejo online e abre 4 perspectivas de tendências que envolvem redes sociais no seu centro.
Coaching Series: Create the Career You Want | Michael Melcher
O primeiro leituras que é um vídeo. Longo, mas que vale a pena. Satisfação profissional é uma questão de criar o que você quer, e não apenas esperar pela oportunidade aparecer.
Leia as outras recomendações de leitura clicando aqui.
Cisnes coloridos, sagacidade e ciência
O Rodolfo Araújo da Adrenax Capital me escreveu contando sobre seu interesse pela palavra que dá nome a este blog. Ele leu recentemente ‘The Black Swan‘ e desde então sua vida parece ter mudado. Não li esse livro ainda, mas sobre o tema é isso que eu penso a respeito do fator descoberta:
- nós crescemos e paramos de nos impressionar com as pequenas coisas da vida, então quando olhamos as coisas com uma certa dose de mente aberta podemos nos impressionar
- o mundo, apesar de pequeno na distância entre as pessoas, tem uma infinidade de temas e conhecimento que podem ser, quando revelados, um grande achado para os nossos valores e opiniões. Só que se você exagerar você pode ficar burro.
Ele escreveu muito bem a respeito de Serendipidade (enriqueci com links):
[...]
Diversas listas de descobertas acidentais freqüentemente incluem a anestesia, o celofane, dinamite, nylon (que por sinal são as iniciais das capitais da moda quando da sua descoberta: NY e Londres), PVC, vacina de sarampo, aço inoxidável, Teflon, raios-X, forno de microondas e outros. Mas como tantos acidentes assim acontecem dentro dos ambientes que deveriam primar pela organização, precisão e previsibilidade?
A verdade é que a lista é, provavelmente, muito maior do que os próprios cientistas querem que acreditemos. No provocante ensaio Accidental Innovation (Harvard Business School working paper 06-206, 2006), Austin, Devin e Sullivan argumentam que muitos pesquisadores preferem omitir o papel desempenhado pela sorte em seus trabalhos, temendo que isso possa diminuir ou desmerecer seus resultados.
Os autores foram mais além e pesquisam as histórias por trás das descobertas que levaram aos Prêmios Nobel de Medicina e Fisiologia, no período entre 1980 e 2005. Nada menos do que 13 em 27 (48%) incluem algum tipo de sorte em suas narrativas.
Mas se serendipity é algo assim tão bom – por contribuir para a inovação – por que temos a impressão que nossos assépticos laboratórios tentam negá-la, baní-la, em vez de fomentá-la? A primeira parte da pergunta foi mencionada uns parágrafos atrás, especulando em torno do receio de que o público leigo atribua o trabalho de uma vida à mera sorte. O Dr. Stoskopf responde com outra pergunta: “Será que o peso cada vez maior dos controles externos na experimentação e exploração científicas não diminuem o benefício potencial da ciência, ao limitar as oportunidades para as descobertas ao acaso?” (Observation and Cogitation: How serendipity provides the building blocks of scientific discovery – ILAR Journal, Vol 46, Núm 4, 2005).
Mas a segunda parte… bem, como se precipita a sorte? De que forma se alimenta o acaso? É possível favorecer um acidente? Como se subverte tão descaradamente o método científico? Como os três príncipes testariam a hipótese de que a mula era manca?
A pasteurização do raciocínio – não só no ambiente científico, mas também no acadêmico e empresarial – pode limitar nossas chances de criar coisas realmente novas. Indução e dedução contribuem para expandir o conhecimento existente, mas não constroem conceitos verdadeiramente inéditos. Novas idéias precisam de um quê de irracionalidade, acaso, criatividade e – especialmente – uma apuradíssima capacidade de observação. Envolve, freqüentemente, ver o que todos vêem, mas pensar o que ninguém pensa.
Estimula-se serendipity, pois, quando se desprende a mente do pesquisador – ou do administrador, empreendedor – das convenções, das regras e das idéias pré-estabelecidas. Para criar e inovar é preciso um observador neutro, treinado para apreciar eventos inéditos sem viéses pré-concebidos sobre o que deveria acontecer. É preciso ver as coisas com a mesma curiosidade como se fosse a primeira vez.
Todos conhecemos a sensação de déjà vu, um forte sentimento de que já experimentamos algo anteriormente, mesmo que isso não tenha acontecido. Vuja de é exatamente o oposto: a sensação de ver algo pela primeira vez, mesmo que já tenhamos visto inúmeras vezes. E com esses novos olhos devemos buscar o que não se encaixa ou o que se encaixa bem demais, o que se parece com outras coisas ou o que não se parece com nada.
Desse olhar descompromissado, dessa curiosidade aleatória, da capacidade de unir o que parece incompatível e da criatividade incomum surgem os avanços mais surpreendentes, as inovações mais improváveis. Desses hábitos, mais eficazes que os outros sete – ou oito – constrói-se serendipity, a sagacidade acidental.
Está prestando atenção?