Uma forma fácil de se comunicar com clientes, mas…
Vira e mexe eu cito as pesquisas do eMarketer aqui no blog. Essa é bastante interessante: Número de leitores de blogs corporativos cresceu significativamente nos último 4 anos e a confiança seguiu essa tendência.
Pensem duas vezes antes de falar que ninguém lê blogs corporativos.
Mas… ok folks… eu concordo com vocês que nos Estados Unidos a história é diferente, temos fanáticos, micro-celebridades e muita gente interessada, além de um grande número de bons blogs escritos de forma autêntica e por um executivo apaixonado por diálogo. Aqui na Holanda blogs corporativos são muito populares também.
Ler é passivo, não acho que ninguém deixaria de ler um bom blog se esse fosse bom. Meus dois blogs são bastante acessados e nada mudaria se eu estivesse blogando para uma marca, porque eu o faria de modo pessoal (se a marca permitisse, é claro).
O problema aqui não é número de leitores, é qualidade do blog e o mais importante: participantes ativos.
Nesse ponto, o brasileiro, que se vangloria como o “mais sociável“, perde sua máscara como o mais preguiçoso na hora de mexer a bunda, ou melhor, o cérebro – meu Blog Corporativo Wiki é um fracasso (como wiki, não como referência), os que se candidataram para ajudar NUNCA fizeram nada, se com wiki é assim, qualquer tentativa de blog pode morrer no esquecimento mesmo – brasileiro só gasta seu tempo online xeretando na vida alheia. Além disso, começo a achar o brasileiro muito egoísta na hora de ajudar ou dividir conhecimento (na média, muitos dos meus leitores são exceções), mas pra que vou ajudar o Fábio Cipriani montar a maior referência em blogs corporativos se depois é ele quem vai vender mais livros? Perfeito! Essa é a filosofia que espero… 🙁
Ligando os fatos: se ninguém colabora é porque ambos blogueiros e leitores ou são egoístas, ou desinformados ou limitados.
Eu continuo meus blogs, meus livros, meu wiki e minhas colaborações por gosto. Por que nosso mundo depende de conversasões. Muito ganhei com isso. Então não me venha dizer que seu blog corporativo não tem leitores, comece a gostar também.
Qual departamento faz o blog corporativo?
Vi a pergunta acima no meu leitor de feeds que aponta para o Twitter e todas as menções às palavras “blog corporativo”.
Resposta:
Não é um departamento, é uma pessoa. Um ou mais blogueiros. E blogueiro é alguem que tem afinidade com a blogosfera, escreve, lê e responde comentários e estabelece um diálogo. Departamentos não fazem isso. Estão muito ocupados no ciclo gestão e busca por resultados. Departamentos no máximo suportam o blogueiro com sugestões e direcionamento.
Será que agora fica claro porque o blog humaniza a empresa?
Se nessa altura alguém perguntar: ok Fábio, é uma pessoa, então pode ser um jornalista, certo? Resposta: Sim, pode ser um jornalista, mas só se ele for um blogueiro.
7 aleatórias sobre blogs
- O blog é mais que seu cartão de visita. Com o tempo ele vai falar mais de você que um mero espaço de 9×5 cm.
- Alguns blogs tem tanto anúncio que me pergunto se quantidade dá lucro. E a suposta qualidade que o autor deveria praticar? E a poluição visual?
- Blogueiros gostam de falar sobre eles mesmos. E seus blogs. Isso é gostar do que se faz.
- Já temos um cemitério no ar. Blogs de pessoas que se foram podem ficar e fazer com que a presença nessa vida seja ao menos estendida um pouco.
- Temos berçários também.
- O blog luta por seu espaço na mídia. Mas blog é diálogo. Mídia não é diálogo (ao menos ainda). Não combina. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Mania de comparação que temos.
- Os blogs de uma nação mostram o caráter e características do seu povo.
Enquanto eu estava de férias…
…muita coisa aconteceu. No nosso mundinho online a minha percepção me conta:
– No Twitter todo mundo parece estar escutando ♫ agora. Ainda mais, podem fazer várias coisas… ✈ ☎ ☠
– A Microsoft está fazendo com que todo mundo abra seu peito e fale bem alto “Eu sou um PC“. Os blogueiros estão a mil.
É isso. Tem muito mais acontecendo, mas é isso.
Popularidade dos blogueiros não significa credibilidade
Falou tá falado
Todos confiamos nas indicações de amigos próximos ou da própria família para o consumo de novos produtos ou serviços. Isso faz parte de uma relação de confiança conquistada pela proximidade, mesmos ideiais, conhecimento das nossas preferências, e assim por diante. Acredito que nenhuma ação de marketing, tanto online quanto offline, jamais conseguirá ter o mesmo poder de persuasão. Seria o mesmo que dizer que uma companhia tem uma marca fortíssima, um porto seguro, e consegue enxergar o que você necessita nesse exato momento. Para começar quase nenhuma empresa “conversa” com seus clientes, não são onipresentes, e nós todos temos uma certa aversão a acreditar no que eles dizem por experiências próprias.
Se você teve problema eu também vou ter
Em uma segunda categoria de confiança está o testemunho de consumidores que passaram pela experiência de consumo antes. Eles dividem suas impressões e opiniões sobre o que ocorreu na internet ou em sua comunidade e, de uma forma mais amena, influenciam a decisão daquele que quer gastar. O grande abismo que separa isso de uma indicação de amigo/família é a capacidade de proativamente indicar produtos que você provavelmente está precisando mas não se deu conta ainda.
Ambos casos acima tem uma peculariedade semelhante: credibilidade.
Sendo assim, o que dizer de empresas que utilizam blogueiros influentes para divulgar seus produtos? São eles mais críveis do que pensamos?
Para responder, a firma de pesquisas Pollara divulgou uma pesquisa em abril/2008 sobre o uso de blogueiros famosos na divulgação de propagandas. O lance é que a bola deles não está tão cheia segundo a pesquisa. Depois eu vi, do lado oposto, a recente pesquisa da Forrester divulgada no último dia 12 dizendo que os marketeiros devem ficar de olho nos usuários mais ativos dentro das redes sociais, pois são eles que poderão ter uma voz de comando mais significativa.
Um ponto para cada lado.
Pausa para reflexão (necessária nesse mundo “informaçãoníaco“).
Se você acompanhou o raciocínio não é difícil entender que os dois cenários mais acima são de fato mais influentes que os próprios blogueiros influentes (os quais nem sempre são nossos amigos ou consumiram o produto por livre vontade e tiveram uma autêntica experiência). Mas cada um tem o seu papel. O blogueiro famoso sempre será mais convincente que um anônimo. E mais, os blogueiros são o que as empresas encontraram e que estão mais próximos dos consumidores no momento.
Blogs Corporativos com autores falsos darão multa às empresas
Li no Tiago Dória sobre as novas leis de proteção ao consumidor na Inglaterra e que entram em vigor a partir de hoje.
O lance é que as empresas que criarem blogs com autores “falsos” que se passam por pessoas reais, onde histórias são inventadas a favor ou contra a própria empresa, levarão uma multa de aproximadamente 16 mil reais!
O próprio Tiago apresenta exemplos da Coca-cola, Sony, McDonald`s, Mazda e Wall Mart. Eu adiciono mais alguns que lembro de cabeça como o da Panasonic, GourmetStation e da L’Oreal. Até mesmo aqui no Brasil já tivemos um caso similar como a campanha de lançamento do Prisma – Sua vida trouxe você até aqui – (já fora do ar).
Destaco que não ficou claro para mim se a lei se aplica a blogs de personagens fictícios onde a ficção é escancarada ou propriamente relatada na página “Sobre” do blog. Nesses casos se encaixam blogs como o Moosetopia e o extinto Blog do Gino (um ursinho de pelúcia) da Fiat aqui no Brasil.
Vale lembrar que nos exemplos que citei da Panasonic e da GourmetStation, só depois dos boatos de que eram falsos eles colocaram uma mensagem explícita no blog explicando se tratar de um personagem fictício. Os blogueiros estão de olho.
Transgressão da formalidade
Há duas semanas vi na Revista Exame (na última página da revista) uma entrevista com Randy Tinseth, o vice-presidente de marketing da Boeing, sobre o uso do blog corporativo. A Boeing já é veterana no assunto e a entrevista, apesar de curta, traz algumas dicas e o ponto de vista de um vice-presidente sobre comentários no blog, conteúdo a ser gerado e lições aprendidas.
Isso só me faz pensar que:
- Ou os executivos blogueiros elogiam o desempenho dos blogs porque a mídia dá espaço e importância a isso, então explicam como o blog é bom e etc, etc, mas no fundo não estão nem ligando para a ferramenta,
- Ou os blogs realmente trazem resultados efetivos e todo meu esforço de mostrar os benefícios dos blogs só se confirma ainda mais.
Acredito na segunda opção.
Sou defensor do ponto de vista que as empresas ainda são quadradas no que se refere a relacionamento com clientes. Adotei o blog como bandeira não porque é moda, mas porque é bom. Porque é a maneira mais fácil de quebrar o conservadorismo das empresas com algo moderno e conectado com a amplitude e o alcance que a internet proporciona. Blog tem espírito jovem e transgressivo porque quebra formalidades.
Blogueiro brasileiro morre de infarto?
O IDG Now reporta: “New York Times destaca casos de blogueiros que sofreram infarto e relata os males do trabalho 24 horas por dia, sem interrupção. A atividade de blogueiro começa mostrar sinais que podem enquadrá-la na categoria de “profissões de risco”, confome mostra uma reportagem do New York Times.”
1 – Galera, pega leve na blogosfera. Tem gente parando de trabalhar durante o dia (como eu nesse momento) para postar alguma coisa. 1 vez ao dia não faz mal, mas tudo em exagero faz mal. Mas, no fundo, algo me diz que brasileiros, mesmo quando 100% dedicados como blogueiros, dificilmente vão se estressar tanto como os americanos.
2 – A morte é uma das únicas certezas nessa vida. Se blogar é algo que realmente o deixa feliz, morra blogando, mas morra feliz. Se você quer viver mais ou blog é seu meio de vida porém não traz felicidade, reveja seus conceitos e estabeleça margens entre trabalho (blog), vida social e entretenimento off-line.
3 – Blog é blog. Está em pauta, todo mundo fala nisso hoje em dia. Porém, se a reportagem mostrou só 2 blogueiros que falerecam de infarto em uma blogsfera de mais de 150 milhões de blogs, acho que estamos indo bem.
4 – Acho que não levo reportagens muito a sério porque na maioria delas sinto que existe muita generalização de conceitos e não fatos comprovados e empíricos atingindo larga escala de diferentes aspectos do assunto em questão. Talvez eu esteja redondamente enganado, mas ceticismo (ainda quando tenho uma religião) é uma palavra que me agrada muito. Mas já fugi completamente do assunto o qual comecei essa discussão. That’s what blogging is about!
CONVERSAS! – não meras fontes de notícias
Vi hoje na Folha de S.Paulo a matéria “Jornal domina noticiário na internet e ganha leitor” divulgando os resultados de um relatório americano chamado “The State of the News Media 2008“. Sempre afirmei aqui que temos que ver pesquisas ou notícias de forma neutra e com a vigilância epistêmica ativada. O exercício é contra-argumentar. Dois fatos chamaram minha atenção no resultado da pesquisa os quais eu discordo de ambos categoricamente:
Os dez principais sites de notícias, em sua maior parte de marcas tradicionais, estão mais para uma oligarquia do que para a democratização via internet prevista por obras como “A Cauda Longa”
Na lista de fontes importantes (confiáveis) de notícias, os blogs apareceram no final. 30% dos americanos consideram blogs fontes confiáveis de notícias. Outros são sites de notícias (81%), televisão (78%), rádio (73%), jornais (69%), amigos e vizinhos (39%) e revistas (38%)
Primeiramente não entendo porque o blog foi tratado como fonte de notícias quando seu propósito é ser uma ferramenta de conversação. Tenho clara em minha mente essa diferença. Depois, mesmo os websites tradicionais que fazem parte do “clubinho dos 10” citados acima, se beneficiaram do aumento da audiência por conta da democratização da internet, tanto em número de leitores como em feedbacks com maior qualidade e quantidade do público leitor – os blogueiros linkam notícias também. Então por quê ser separatista no uso do termo oligarquia versus democratização? Não são os blogs ferramentas acessíveis a todos que querem se expressar, e não é a internet o melhor meio para ser ouvido, mesmo que sejam por poucos?
Quem devia liderar a revolução da comunicação nas empresas?
Jornalistas, Agências de propaganda e marketing ou as próprias empresas?
Na maioria dos eventos relacionados a web 2.0, blogs vs. mídia ou comunidades virtuais e que se preocupam com a temática corporativa ou impactos na forma de se fazer negócios, sempre temos blogueiros dando dicas e opinando, jornalistas debatendo o tema, profissionais de comunicação dando o tom da conversa e raramente empresas apresentando casos concretos ou ajudando construir conhecimento no assunto discutido.
Acho isso muito sério. Entendo que leva algum tempo para que as empresas absorvam idéias revolucionárias ou novas formas de gestão que acadêmicos ou especialistas no assunto desenvolvem, mas no caso específico da comunicação com o cliente na nova era da web 2.0, a teoria se desenvolve principalmente na prática. Afinal de contas é errando que se aprende. E é por conta de poucos visionários que se arriscaram que muitas das invenções da humanidade deram certo.
As empresas deveriam assumir a linha de frente nessas discussões. Elas são as maiores interessadas e não deveriam estar sentadas assistindo o debate de partes que podem não ter o ponto de vista para captar o que se passa dentro das organizações. Uma empresa no meio e a figura muda de sentido.
O maior problema no entanto é a falta de conhecimento ou o analfabetismo digital que os míopes líderes empresariais possuem. Porém, mesmo cego, estar imerso na batalha é simplesmente melhor que não lutar. Os blogs podem continuar brigando com a mídia por espaço, mas quando esses dois forem falar de empresas, as empresas devem estar no meio.