Lições na prática
Eu admiro muito o trabalho de Tom Peters (4o lugar na lista dos 50 gurus mais respeitados do mundo) e estou lendo pela segunda vez, ouvindo no carro, o best-seller “Reimagine!: Excelência nos Negócios Numa Era de Desordem“.
Hoje de manhã escutei seu excepcional argumento em prol das mulheres no mercado de trabalho, possuidoras de aptidões diferenciadas que as colocam como líderes naturais da nova economia. “[…] A mulher entende e desenvolve relacionamentos com mais facilidade que os homens. […] Elas são viciadas em relacionamentos […]”
Em seguida cheguei no escritório de uma empresa que estava visitando. Era cedo e os funcionários estavam apenas chegando para trabalhar. Passaram mais de 10 homens que sequer me olharam ou olharam os outros presentes na recepção. Chegou uma mulher e ela falou 4 bom dias seguidos. Nem me venha falar de educação ou simpatia. Foram 4 bons dias. É puro reflexo de alguma capacidade a mais que não estamos enxergando. Não é?!
O último link vai para Bons Dias de Machado de Assis.
Dúvidas sobre o concurso da Petrobrás
Várias pessoas escreveram nas últimas duas semanas pedindo minha opinião sobre o gabarito da prova de um concurso da Petrobrás que ocorreu no início de junho para a área de comunicação (Relações Públicas, Jornalistas e Publicidade) aplicado pela Fundação Cesgranrio.
39. Considerados como uma evolução dos diários pessoais online, os blogs corporativos seguem a tendência de incorporar à sua estrutura várias ferramentas de colaboração características da web 2.0, tais como podcasts e feeds. Nesse sentido, o uso de um blog corporativo como ferramenta de comunicação on-line tem como objetivo
(A) criar um espaço formal para apresentações institucionais.
(B) diminuir o investimento no processo tradicional de distribuição de conteúdo.
(C) manter-se alinhado à nova tendência da presença corporativa no mundo digital e colaborativo.
(D) estreitar e incentivar uma melhor experiência de relacionamento com o público interno.
(E) monitorar estatisticamente os acessos e o perfil do usuário on-line.
Quem me escreveu dizia que escolheu a alternativa D como correta, mas o gabarito apresentou a alternativa C como resposta certa. Já respondi a todos eles, mas estou publicando a questão aqui por ser de interesse de todos.
Vamos reescrever a pergunta só por curiosidade: Sabendo que o blog corporativo é uma evolução do blog comum e, assim como no blog comum, ele também utiliza várias ferramentas de web 2.0, qual o objetivo do seu uso como ferramenta de comunicação online?
A resposta C está correta.
A resposta D também está correta.
Agora, se a intenção é obter a resposta mais correta, eu diria que a C é a mais correta pois, apesar de fraca, é verdade. A D soa muito mais correta, mas está incompleta porque o alvo é também o público externo.
Pelo teor das possíveis respostas, eu tenho a impressão que o examinador não queria aplicar uma pegadinha. Tenho a impressão que ele nem sabia que o blog poderia ser usado para o público interno também. Eu acho que se trata daquilo que mais temos no mundo dos blogs corporativos hoje: falta de informação.
Na minha opinião, se existe a possibilidade de se anular a questão, acredito que os candidatos deveriam entrar com um recurso. Não custa tentar.
Memes que suportam a economia
Quando falamos de meme aqui no blog no ano passado, não imaginava a quantidade de memes que a revista americana Wired já criou e o quanto esses memes significam para a economia atual dependendo do contexto. Isso é o que eu chamo de capacidade de identificar tendências (o que já é grande coisa) e nomeá-las de forma criativa (o que pode ser ainda mais difícil).
A tabela abaixo foi extraída do website da revista e estava na forma de um teste de conhecimento devido as comemorações do seu 15o aniversário. Eu já relacionei cada meme com a sua definição correta mas foi mal aí, não vou traduzir nada dessa vez.
Meme | Definição |
---|---|
1 Technolust (1993) | A near-obsessive fascination with the newest digital gadgetry |
2 Netizen (1996) | A person who engages in online communities to further discussion and add to collective knowledge |
3 The Long Boom (1997) | An extended period of intense economic expansion propelled by the forces of free markets, unprecedented globalization, and advancing technologies |
4 The New Economy (1997) | A system in which wealth is driven by information and technological infrastructure |
5 Geek Syndrome (2001) | A mild form of autism that afflicts a disproportionate number of techies; better known as Asperger’s syndrome |
6 The Long Tail (2004) | The niche-based culture catching up to the hit-driven economy |
7 Crowdsourcing (2006) | Tapping the ingenuity of the networked masses |
8 Radical Transparency (2007) | The exposure of a company’s inner machinations in order to improve customer relations and amp up profits |
Tendências em combustíveis alternativos para 2008
A Clean Edge acaba de divulgar o seu relatório anual cobrindo tendências em fontes de energia limpas. É muito satisfatório ver que as tendências descritas, mais do que “verdes”, são extremamente inovadoras e pra lá de interessante.
Me diverti um bocado lendo a respeito das companhias que usam pipas (ou paragliders) para movimentar barcos (Kite for Sail, KiteShip, SkySails). Impressionante ver também a exploração da energia geotérmica ganhando espaço. Mas o mais interessante é o carrinho da Reva. “Super trendy” e econômico, ele usa uma bateria de 6 Volts e pode chegar até 80 km/h. Você pode carregá-lo em casa como quem carrega um telefone celular.
Ser “verde” significa muita$$$ oportunidades de negócio.
Mais literatura! Melhor para as empresas…
Na próxima quinta, dia 13/03, a blogueira Carolina Frazon Terra, pesquisadora na temática das novas tecnologias de comunicação, coordenadora de comunicação corporativa do site de e-commerce MercadoLivre e professora do curso de relações públicas e publicidade e propaganda da Universidade de Santo Amaro (UNISA) e da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) vai lançar seu livro sobre Blogs Corporativos.
A Fnac e a Difusão Editora promovem o lançamento do livro BLOGS Corporativos: modismo ou tendência?, de Carolina Frazon Terra. A autora fará sessão de autógrafos desta obra que discorre sobre um canal promissor de comunicação direta e mais informal das organizações modernas com os seus públicos de relacionamento, o Blog Corporativo.
A autora realizou uma pesquisa com oito executivos que mantém blogs corporativos e entendeu o que estes têm em comum. Ser um canal interativo com o mundo digital, permitindo uma comunicação de mão dupla (bidirecional) e troca de idéias com os internautas foram os pontos mais citados pelos executivos de grandes, médias e pequenas organizações.
Parabéns Carolina e sucesso! É sempre bom ver que os blogs corporativos estão sendo cada vez mais levados a sério e sendo articulados por cada vez mais e mais profissionais.
Propaganda contextual
Propagandas cada vez mais direcionadas de forma eficiente foi um dos temas que tratei no post anterior, enquanto usava minha bola de cristal para adivinhar as tendências de tecnologia em 2008. Então eu vi a propaganda acidental da Iomega no website de notícias SMH (não consegui achar a notícia lá). Mas talvez ainda haja esperanças para 2008…
O artigo, de junho de 2007, é sobre um bebê que morreu por conseqüência de queimaduras em um incêndio e a propaganda da Iomega diz: “Queime neném. Queime!”
Bizarro…
Fonte: Adrants
Blogs vs. Jornais
Depois da onda revolucionária dos blogs contra a campanha publicitária do Estadão, acabei escrevendo um comparativo entre blogs e jornais. Já faz algumas semanas, e eu não publiquei porque achei meio rude.
Lógico que puxei sardinha pro lado dos blogs porque também fiquei incomodado, mas acho que existe espaço para os dois existirem no mundo. Cada um cumpre seu papel na sociedade, não precisamos de nenhum querer fazer o papel do outro.
Segue a comparação:
Canal de comunicação bidirecional “democrático” | Canal de comunicação bidirecional “autoritário” |
O leitor tem voz ativa | O leitor pode ser deixado de lado |
Você busca o que quer ler | Você lê o que querem te empurrar |
Cobre todo e qualquer tipo de assunto | Cobre uma gama limitada, porém grande de assuntos |
É parcial, porém fácil de achar uma contraparte | É parcial seguindo a linha editorial |
Consome energia elétrica | Consome energia elétrica e árvores |
É mais difícil encontrar blogs de qualidade | Tem mais chances de possuir conteúdo |
O autor é qualquer um | Seus autores são jornalistas na maioria dos casos |
Na média é intelectualmente mais pobre | Na média é intelectualmente mais rico |
Feito por paixão, interesses próprios ou dinheiro | Feito por dinheiro (ainda quando existem apaixonados no meio) |
Fomenta comunidades variadas | Fomenta a comunidade da imprensa |
Sempre grátis | Grátis ou pago |
Despretensioso na maioria dos casos | Tendência a teor político e tendencioso |
Público-alvo: somente Internet | Público-alvo: Internet e população em geral |
Novidade, em franco desenvolvimento | Velho, tentando se inovar para sobreviver |
EGM – Mídia gerada pelos funcionários
O John Moore indicou um artigo do Wall Street Journal que aponta uma nova tendência nas firmas de auditoria americanas: o conteúdo / mídia criado pelo funcionário. A verdadeira intenção é conseguir chamar a atenção de estudantes universitários para compor o corpo de profissionais de uma determinada firma.
Ainda que parando pra pensar, nem houve tempo hábil para que as empresas começasssem explorar melhor o UGC ou UGM (User Generated Content / Media), ou no linguajar da web 2.0: Crowdsourcing.
Depois ele continuou a discussão no seu blog apontando EGMs (Employee Generated Media) relacionados com o Starbucks e com a Deloitte.
Voltando na questão comentada no primeiro parágrafo e relacionada com a Deloitte. Foi lançado um concurso na firma americana convidando os funcionários a criarem vídeos que respondessem a pergunta: “Qual é a sua Deloitte?”. Os 14 melhores vídeos foram escolhidos e estão na página oficial do concurso no YouTube. E ficaram ótimos.
O que os funcionários da sua empresa falariam dela? De que forma uma iniciativa de EGM poderia ser beneficial para sua marca?
CrowdSpirit à vista
Eu sou um dos 500 beta testers da plataforma do CrowdSpirit. Eles abriram a versão beta há 1 semana aproximadamente.
O Crowdspirit é uma comunidade para gerar idéias na criação de novos produtos eletrônicos. Cada idéia de produto é votada e passa a figurar um ranking de classificação. A idéia poderá receber sugestões de melhoria por outros usuários, os quais acumulam pontos. Uma idéia identificada que possua interesse de investimento será executada e vendida comercialmente, e os responsáveis pela idéia e melhoria recebem royalties ($$) por isso. Ah, é possível enviar problemas também, ao invés de idéias (a solução).
Hoje recebi um email deles informando que a versão Beta está bastante estável e que eles deverão abrir para o público em geral daqui há 2 ou 3 semanas. Já está rolando umas idéias legais por lá, algumas absurdas (e estou falando na qualidade de engenheiro eletrônico) e outras viáveis.
Como toda comunidade virtual, é bastante interessante acompanhar e participar das discussões até para poder começar a se empolgar com a idéia de enviar idéias ou problemas. A curva de aprendizado para usar a comunidade é bastante pequena.
Quando falamos em cadeia produtiva, os fornecedores da matéria prima buscam enxergar as demandas dos clientes para controlar a produção. O Crowdspirit pode funcionar como um avaliador de tendências com essa finalidade, servindo as empresas como um ótimo indicador tanto da criação de novos produtos quanto do desejo dos consumidores.
Pontos positivos e de atenção dos Blogs Corporativos
Segundo o ponto de vista de diversos blogueiros corporativos, Marcio Gonçalves e Carolina Terra listaram em seu artigo para a RP em Revista os pontos positivos e negativos de se usar o blog como estratégia de comunicação empresarial.
Eu chamaria a lista de pontos positivos e pontos de atenção dos blogs corporativos. Os batizados “pontos negativos” são perfeitamente contornáveis. O trecho abaixo foi inteiramente retirado do artigo citado acima:
Pontos positivos
- Abrir um canal de relacionamento com seus stakeholders, principalmente formadores de opinião on-line.
- Dar uma cara mais “humana” à empresa, se o blog for realmente um blog e não um site corporativo travestido de blog.
- Ter um canal para feedback da comunidade sobre a empresa e suas ações.
- Um canal de comunicação da empresa que pode ser facilmente atualizado. Uma fonte confiável de informações da empresa que podem auxiliar seus clientes e fornecedores a entender melhor como ela funciona.
- Uma forma de conhecer os seus clientes e permitir interação. Receber feedback deles na forma de comentários e até mesmo estabelecer e melhorar o relacionamento a partir desses recursos.
- É um canal viral. Dessa forma os textos podem ser indicados a outras pessoas e diversos meios podem consultar o blog como uma fonte de referências confiável de uma empresa.
- Conquistar a confiança do consumidor é, com certeza, o primeiro ponto positivo. Ter um blog é ser transparente e aceitar o diálogo com o consumidor. A internet e a globalização possibilitam que o público acompanhe tudo o que as empresas fazem ou deixam de fazer. Não adianta mais tentar enrolar as pessoas. Qualquer um pode encontrar informações e opiniões no Orkut, YouTube e blogs. O fenômeno blog desafia as tendências tradicionais sobre o controle da comunicação das corporações, mídia, governo e mercado. É um novo campo em que todos podem recomendar ou criticar seu produto ou serviço. De acordo com o Estudo de Confiança da Edelman de 2007, os consumidores acreditam mais em “pessoas comuns” do que em autoridades. Ou seja, o recado está dado: chega de mensagens enlatadas! Os blogs emergiram rapidamente como uma nova tecnologia neste caminho.
- Outro ponto positivo é que os blogs se tornaram uma fonte de informação com credibilidade, principalmente para jornalistas e formadores de opinião. Blogs de CEOs e funcionários são formas viáveis de comunicação para muitas propostas, como ferramenta de conhecimento interno para aumentar a credibilidade e dividir informação, e devem ser considerados como uma estratégia para comunicação corporativa.
- Profissionais da área de comunicação devem entender a blogosfera como medidor em tempo real da eficiência da comunicação interna – mais um ponto positivo para os blogs – e engajamento dos funcionários. Embora não seja uma medição tão efetiva quanto uma pesquisa tradicional, serve como dados qualitativos sobre o sentimento do funcionário em relação à empresa – ótima ferramenta para recursos humanos. As empresas precisam considerar que a comunicação olho-no-olho ainda é mais efetiva e que ela refletirá na comunicação virtual, mostrando a felicidade do funcionário que a vê com uma ótima comunicação interna e um bom relacionamento com os executivos.
Pontos de atenção
- Se a empresa não for realmente preocupada com que diz e faz, pode gerar ainda mais fragilidade e ela poderá ser ainda mais atacada
- Exige trabalho dedicado e temas/discussões que não apenas interessem mas envolvam a comunidade na discussão.
- Se o blog for em torno da marca e não de um tema pode gerar desgaste para a empresa. A Tecnisa, construtora de SP, por exemplo, tem um blog muito bom mas ela não fala de si mesma, fala da construção civil.
- É um meio informal de se comunicar, que não dá a mesma credibilidade que teria, por exemplo, um press release ou até mesmo um jornal fechado com temas específicos.
- O feedback não é espontâneo e está mais direcionado com o conteúdo dos textos publicados. Uma ferramenta que permite o feedback mais espontâneo é o fórum na internet, recurso que muitos portais adotam cada vez mais em conjunto com o blog corporativo.
- Não permite resposta ao feedback de forma direcionada. O feedback pode ser feito a partir de textos que comentem o conteúdo dos comentários dos usuários, mas sempre de forma genérica e nunca personalizada.
- A falta de cultura ainda atrapalha o amadurecimento desta nova ferramenta. Existe muita confusão e medo com relação a blogs e muitas empresas ainda não entenderam o objetivo deste fórum de discussão virtual.
- Além disso, por trata-se de uma espaço aberto, é preciso tomar cuidado com o que será escrito, já que a informação vale ouro nos tempos atuais. Seus concorrentes podem “roubar” suas idéias ou conceitos.
- E por último, a falta de compromisso e respeito com os comentários. Não acho que é uma desvantagem, mas sim um risco. Uma vez que você começa um blog, as pessoas esperam diálogo e troca de experiências. Então não vale escrever a cada mês ou 45 dias. É preciso ter empenho e saber receber sugestões e, talvez, até críticas.